Londres e outras cidades do Reino Unido estão incentivando o uso de táxis elétricos, como o da foto acima. Estes veículos possuem uma bateria que pode ser carregada à noite ou outros momentos quando o veículo não está sendo usado. Mas táxis são usados bastante durante o dia e até mesmo durante a noite, e uma bateria cheia de carga pode não ser suficiente para durar o dia todo. Com isso surgem ideias de métodos alternativos de recarga. Uma das possibilidades é carregar de pouco a pouco durante o dia. Mas isso seria inconveniente se o motorista tiver que sair do carro e conectar um cabo toda vez que pára. Outra saída seria utilizar carregamento sem fio, como já existe para celulares e outros dispositivos como smart watches.
Este ano comecei a trabalhar no projeto WiCET, com o qual estamos pesquisando carregamento sem fio de táxis elétricos (Wireless Charging for Electric Taxis). A intenção do projeto é avaliar a viabilidade de pontos de recarga instalados onde os taxistas esperam por passageiros.
O projeto é uma colaboração internacional entre grandes empresas, universidades, institutos de pesquisa e o poder público. Temos a IHI do Japão, que produz a infrastrutura dos sistemas de carga sem fio. A ParkingEnergy, da Finlândia, é responsável pelos sistemas de distribuição de energia, cadastramento de usuários e cobrança. Temos como parceiros acadêmicos o Cenex, da Universidade de Loughborough, e nós, o grupo de pesquisa de experiência do usuário e engenharia da WMG, Universidade de Warwick. O poder público está representado pela secretaria de transporte de Londres e a prefeitura da cidade de Nottinham. A agência financiadora é a Innovate UK.
O WiCET permite uma oportunidade única para demonstrar a viabilidade e os benefícios financeiros, operacionais e técnicos de recarga sem fio para taxis elétricos. Este tipo de iniciativa ajuda na estratégia do governo do Reino Unido de atingir “zero emissões”, provendo transporte que não emite poluentes nos centros das cidades.
A primeira fase do projeto involve o estudo de viabilidade para determinar o potencial para carregadores sem fio de táxis elétricos. Se essa primeira fase obter sucesso, o consórcio vai se inscrever para a segunda fase, com a demonstração comercial e técnica, com a implementação prática da tecnologia em locais específicos em Londres e Nottingham.
O nosso trabalho com a WMG está focando na experiência do usuário, contactando os taxistas, operadores de frotas de táxis, e planejadores urbanos para entender as possibilidades desta nova tecnologia. Também vamos ouvir deles as barreiras e desafios para a implementação destes carregadores.
Os potenciais benefícios para os taxistas são a facilidade de carregar o carro sem precisar de ligar um cabo, e com a possibilidade de fazer isso em diversos locais onde a tecnologia for instalada. É possível colocar estes carregadores diretamente nos pontos de táxi, onde os veículos já ficam parados a espera de passageiros. Com isso o taxista não precisa sair da sua rota para achar um carregador. Mas algumas limitações da tecnologia podem apresentar complicações. Por exemplo, é necessário que o veículo esteja perfeitamente alinhado com o carregador, com uma margem de erro de 10 centímetros, para que a carga seja eficiente.
Outro detalhe é a localização onde estes carregadores devem ser instalados. Nos pontos de taxi existe uma fila que os motoristas devem respeitar, e o veículo da frente tem preferência para angariar passageiros. Se o veículo elétrico tem que ficar por alguns minutos no mesmo local, como isso vai afetar a dinâmica da fila? Como será a interação entre veículos elétricos e tradicionais nos pontos de táxi, quando ambos tipos de carros utilizam o mesmo ponto, mas os táxis elétricos precisam parar em determinados locais na fila? Será necessário criar vagas exclusivas para veículos elétricos? Como isso será administrado no contexto de uso e ocupação do solo? Estas e outras questões é que nós vamos explorar em entrevistas e grupos focais nas próximas semanas. Os resultados serão fundamentais para informar os requisitos do sistema e definir a melhor forma de implementar esta tecnologia.