Evento para engajamento público: veículos autônomos

Es­ta semana ajudei a organizar um evento de extensão para engajamento público, como uma iniciativa para interagir com a população em geral e obter opiniões sobre temas complexos. Fui também o fotógrafo do evento, e compartilho algumas das imagens abaixo.

O assunto foi veículos autônomos, explorando aspectos como confiança, segurança de dados, meio ambiente, percepção de marcas, ética, interação social, economia e emprego. A localização foi o Museu do Transporte, em Coventry, cidade considerada o berço da indústria automobilística. A organização ficou por conta do grupo de Experiential Engineering, do qual faço parte, da Universidade de Warwick, com participação da Universidade de Coventry e o Departamento de Transporte do West Midlands.

O evento iniciou com breve apresentações e um vídeo introduzindo veículos autônomos (acima). Por definição, veículos autônomos são aqueles onde o carro dirige sozinho, e não requer um motorista ao volante. Espera-se que o carro tome as decisões certas no momento certo, tornando o transporte mais seguro, mais eficiente, e permitindo que passageiros foquem nas coisas que importam ao invés do trânsito.

Os participantes eram cerca de 40 pessoas de diversos perfis demográficos. Tinham jovens, idosos, mulheres, homens, pessoas com mobilidade reduzida, deficientes visuais, leigos e especialistas em veículos autônomos. No início do evento, pedimos a todos para colocar numa escala a opinião inicial com relação a veículos autônomos, de “uma má ideia” a “uma ótima idéia”. No fim do evento repetimos o exercício, para ver se as opiniões mudaram depois de debater o assunto com os pessoas.

Adicionando post-its com opiniões sobre veículos autônomos

Os participantes foram distribuídos aleatoriamente em grupos para discutir os temas propostos. Cada mesa tinha um moderador que propunha os temas e instigava a participação, ajudada por recortes de notícias fictícias de um futuro com veículos autônomos. Todos participantes colocavam suas ideias e opiniões em post-its, e o mediador apresentava um resumo das opiniões positivas e negativas ao fim de cada sessão. Todos post-its foram então colocados numa parede, separados por temas, para que as pessoas lessem e adicionassem suas opiniões a qualquer tempo.

Participantes do evento posicionados de acordo com a opinião, de ‘preocupado’ a ‘empolgado’.

Uma das estratégias introduzidas para motivar a interação e debate entre todos participantes foi a declaração de opiniões numa escala humana. Uma fita adesiva colorida foi colocada no chão de um lado ao outro da sala. A seguinte declaração foi colocada: “Veículos autônomos me deixam…” De um lado estava “muito preocupado”, e do outro “muito empolgado”. Participantes foram convidados a de posicionar nesta escala de acordo com suas opiniões. O resultado foi fantástico, e foi até difícil de fazer as pessoas pararem de falar, discutir e defender suas opiniões quando o tempo acabou.

As discussões incluíram as questões éticas sobre a vida: já que um veículo autônomo vai tomar decisões no trânsito, quais decisões ele deve tomar no caso de risco de vida? Por exemplo, se uma pessoa atravessa na frente do carro e não há tempo para frear, o veículo deve seguir reto e matar o pedestre, ou deve virar para o muro, com chandes de matar o ocupante? Ou se o veículo perde os freios e está indo em direção a 3 pedestres , que são todas mulheres atravessando na faixa, o veículo deve seguir em frente e matá-las, ou virar para a outra faixa e matar 3 homens atravessando na outra faixa? Estas e outras questões são debatidas na ferramenta Moral Machine (Máquina moral), criada pelo MIT, que, em forma de jogo, nos permite fazer estas escolhas e comparar com as opções de outras pessoas.

Outras discussões incluíram as preocupações com relação a privacidade e segurança de dados: se computadores acabam sendo infectados por vírus, se nossos dados como emails e senhas vazam, o que garante que o mesmo não vai acontecer com carros?

Para que carros possam rodar sem motorista pelas ruas, será preciso muitos ajustes na infraestrutura. Sinais de trânsito precisarão conversar com os carros para informar a hora de ir. Mas quem vai pagar a conta dessa modernização de todos sinais de trânsito, se não são todos que querem usar veículos autônomos?

Podemos confiar na tecnologia para tomar decisões por nós, e tomar decisões para toda sociedade? Será que um sistema que procura o bem comum será bem aceito na nossa sociedade individualista? Se uma rua está engarrafada, o sistema pode guiar alguns carros para uma rota alternativa, que está livre mas é mais estreita. Mas não pode fazer isso para todos os carros, pois vai fazer esta rota vai ficar engarrafada também. Portanto, quais carros o sistema deve priorizar para indicar a rota melhor?

Outras questões incluíram o impacto na sociedade. Certamente os veículos autônomos podem aumentar a mobilidade de pessoas e beneficiar por exemplo idosos e deficientes. Mas já que não há motorista, quem ajudará estes passageiros a entrar no carro? Caso tenham uma mala pesada, ou estejam com muitas compras, o problema de mobilidade ainda existe.

 

Este evento foi um excelente exemplo de atividade de extensão, já que ajudou a levar o debate sobre veículos autônomos para a sociedade, fomentar a discussão nas mídias sociais, aumentar o impacto de pesquisas acadêmicas, e produzir dados para um doutorado em engenharia, em andamento por Arun Ulahannan.

Veja abaixo fotos extras do evento.

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